Vale da Carne

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Era carnaval, havia máscaras e sambas-enredo para todos os gostos. Enquanto alguns cantavam loas à vacina e negavam o óbvio precoce, outras canções pediam a falência das empresas e empregos. Atravessando tudo existia o mestre-sala em suas calças muito justas desfilando dentes infinitos. Enquanto isso, o Zé da Vila Brasil esquentava o leite das crianças, porque a mamãe estava de plantão no Hospital das Clínicas, pois mesmo sem festa, as balas perdidas e certeiras, acidentes de carro e vasculares, continuavam matando mais que as certidões de óbito forjadas. Tudo acompanhado, de perto, pelo povo, principal dançarino e covidado nessa confusão de muita carne e muito mais mistura. "Liberdade, liberdade, abra as asas sobre nós".

Olisomar Pires
Enviado por Olisomar Pires em 13/02/2021
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