Sonhos desfeitos

Eu gostaria de ter o dom da palavra; discursar com determinação dando ênfase a orações metafóricas e, principalmente, ser prolixo. 

   Devo dizer que esse era um desejo de infância, quase uma promessa a meus pais.

   Com eles, aprendi a me interessar por Filosofia. E meu pai não se cansava de falar em Sócrates. Guardo essa lembrança na mente até hoje.

   Só de ouvir meu saudoso pai, ficava imaginando: será que vou ter que falar grego?

    Não demorou muito, meus planos foram por água abaixo.

Nem discurso, nem Grécia. Eu estava era sonhando acordado.

   Quando perguntei ao meu pai se era verdade ou mentira a famosa frase atribuída a Sócrates, ele respondeu secamente: filho querido "só sei que nada sei".

   Decepcionado, joguei para o alto todos os meus planos, todos os meus sonhos.