Regresso ao futuro
Há muito, muito tempo, no tempo em que acabei o meu primeiro livro, dei-o a ler a alguns amigos, pouco tempo antes de o mandar para as editoras, para o tentar publicar.
Um desses amigos disse que conhecia um homem, o escritor que mais apreciava, e que um dia lhe mostrou o presente e o futuro dos livros que escrevera e que continuava a escrever : uma gaveta. Perguntou-lhe porque não os enviava para as editoras, ele limitou-se a encolher os ombros e a dizer que o lugar dos seus livros era naquela gaveta, e que escrevia pelo prazer de escrever, dando-se a ler apenas a algumas pessoas.
Um destes dias fizeram-me a mesma pergunta, e eu encolhi os ombros da mesma maneira, e mostrei a gaveta onde estão guardadas as pens com uma vida de escrita.
Escrever apenas pelo amor de escrever foi a minha viagem no tempo mais dolorosa e, ao mesmo tempo, mais doce, que prova que quando um sonho morre(o desejo de publicar) o prazer (escrever apenas por amor de escrever) triunfa sobre os sonhos desfeitos...