Fogos-fátuos

Naquela madrugada quente, resolvemos ir até ao cemitério. Dizia-se que era possível ver chamas pequenas e azuladas junto às campas. - Não vamos. Isso é mentira! - Vamos sim! O João contou-me que a namorada do Luís quase morreu de susto. - Quem vai à frente? Silêncio. Fui à frente e acendi a lanterna. - Assim não vale. Apaga tudo! Eram duas campas rasas e recentes cheias de flores. Ao fundo, um enorme jazigo de família atraiu o meu olhar. - Eu não vou, disse o Filipe em voz baixa. Vamos juntos, disse eu. - E as luzes? - Não vejo nada! - Ali, ali por baixo da cruz. - Não dá para ver? Huummm, vamos lá. Seguimos na trilha de mãos dadas. Quando estávamos a dois passos do mausoléu ouvi um ruído seco e abafado. Uma luz baixa e azulada... Era tarde para voltar. - Aceita um Marlboro?

Mongiardim Saraiva
Enviado por Mongiardim Saraiva em 05/07/2020
Reeditado em 06/07/2020
Código do texto: T6997212
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