Palavras

Somente algumas palavras, não muitas, admito. Palavras acompanhadas por olhares curiosos, como quem tem vontade. Não foram muitos os olhares, o toque nem entra na conta, mas as palavras… algumas delas tímidas demais pra se deixarem levar pelo desejo de saber. Maldito primeiro dia.

No dia seguinte, mais palavras, ainda poucas. Então foram nascendo as palavras. Pouco a pouco apareciam. Uma a uma. Sílaba por sílaba, e moldavam o sentimento. Davam forma às emoções. Ah, aquele B, aquele A, aquela vírgula… ah, os pontos.

Palavras iam e esperavam por palavras. Ansiosamente incompletas. Chegavam as palavras e de pronto iam outras, cheias de sentimento. Não foram muitas as palavras. Diminuíam ponto a ponto, mas ainda suficientes para fazer nascer o desejo. Depois do desejo cometi outro pecado, o de esperar.

Morriam as palavras. Palavras nascem e morrem, constroem e levam. Palavras fazem viver e morrer, sorrir e chorar. Letras dão esperança. Quando morre a palavra, morre o ser. E eu estou morto, afinal, esperando por palavras…