Fazenda de Formigas
Construí uma fazenda de formigas que dia após dia multiplicavam-se com tamanha agilidade, era notável a complexificação que atravessava o processo de organização social.
Num piscar de olhos haviam instrumentos, novas vias, rainha com direito a trono e súditos. Destruí tudo com água! Odeio Monarquia!
Gostaria de algo ainda mais complexo, mais ação, mais astúcia!
Algumas sobreviveram, alimentando minha apatia sincera, usando artifícios do terreno ou um pouco de sorte.
As que restaram espreitavam algo, temendo por uma nova inundação, óbvio que não me viam, ou não entendiam se me viam, mas compreendiam em seu intimo que algo como eu existia, e eu apenas ria.
Vez ou outra elas ofereciam coisas ao nada, restos mortais, sujeira do solo molhado, pareciam ritualísticas ou religiosas e eu parecia seu Deus.
Espero que quem cuide da fazenda da nossa existência seja alguém mais sensato e menos sádico do que eu.