Noite na Terra
Uma destas noites acordei com um estranho brilho vindo da janela do meu quarto.
Era um brilho baço, mas que no entanto iluminava, quase como se fosse dia, a parte da cidade onde moro.
Tinha faltado a luz em grande parte da cidade, e aquela luz estranha era a luz da lua, que, sem a concorrência desleal da electricidade, iluminava livremente aqueles que tinham sido os seus domínios em tempos antigos.
Senti que era Noite na Terra, noite genuína, definida pela natureza e não pelas lâmpadas ou néons com que o homem tenta impor o seu tempo a quem o criou.
Fascinado por aquela luz, recuei até esses tempos antigos, e assim fiquei, a observar a cidade, até que, dai a umas horas, a luz do homem voltou devorando a luz da lua,e fazendo-me regressar a estes tempos modernos, onde a luz do homem ofusca a outra, não permitindo que o homem a possa ver, não possa ver esta "luz estranha" que fascina a humanidade desde o começo dos tempos, a luz que faz da noite algo de belo, a luz natural que define realmente quando é Noite na Terra.