Falência
João Paulo retira a aliança do dedo a coloca em cima de um bilhete de adeus deixado sobre a mesa, preferiu assim. Tudo que tinha de ser dito já havia sido falado na noite anterior, fez isso para não ser magoado nem magoar mais com palavras. Sai porta afora sem olhar para trás, aliviado por se ver livre de um casamento de trinta anos, uma relação sem cumplicidade, sem nenhum dos dois ter partilhado suas intimidades, medos e segredos porque nunca houve amor entre eles, existiu sim, medo da solidão. Viveu solitário fechado cada um em seu mundo particular, filhos? Não teve, ela não quis estragar o seu corpo gerando um. Seguiu seu caminho sem remorso, sabendo que nunca mais voltaria devia a eles o direito de serem felizes.
Lucimar Alves