Éramos ninguém
Poderia até ser num outro país, com pessoas estranhas, mas seríamos sempre os mesmos sonhadores, amando cada vez mais. Eram os não-mortos que tentavam acelerar o tempo. Eu estagnava bem ali, adorando e fantasiando pela janela de vidro.
Foi tudo tão confuso! Ele complicava e eu concordava, e trocávamos de lugar. Eu usava gravata e ele saia escocesa. Não tínhamos pressa. Dois completos desconhecidos, escondidos no invisível, porque não éramos suspeitos: éramos ninguém!
Assim ríamos da dor, dos pormenores, da riqueza e da pobreza, ríamos de tudo. A gente não se beijava, não se abraçava, não fazíamos amor, não andávamos de mãos dadas... a gente nada!