Lápis de cor
O livro de colorir jazia sobre a mesa da sala, agora escurecida pela noite. As bombas, indiferentes, explodiam em quem pudessem alcançar. A criança lembrava do desenho da boneca, da qual colorira apenas o vestido. No subsolo da casa de uma boa alma de nome desconhecido, apenas com a lembrança de quem foram seus pais antes da explosão que os partira em mil pedaços, tentava apagar seus brinquedos da memória. O tempo de crescer havia chegado num estouro ensurdecedor, acompanhado de um clarão infernal, e rápido demais pra quem há meia hora atrás empunhava apenas um LÁPIS DE COR.