A BAILARINA
O teatro estava em reforma
entrei assim mesmo
Ao centro,
o palco à meia luz
ao redor,
tudo era confusão...
coisas jogadas jaziam espalhadas
Sobre a cal espalhada pelo chão
você dançava e em cada movimento falava
de cores, flores, dores e amores
Não sei se era teu talco
ou somente a cal do chão
mas minha sinestesia,
me permitia criar
Entrei no teatro em reformas, estava aberto.
E tudo era confusão, coisas espalhadas, jogadas,
E no palco à meia luz, Você estava lá, dançando...
Em uma profusão de movimentos, seu corpo falava,
De suas memórias, dores, flores, cores, sabores e esperanças,
Volitando para lá, para cá, deslizando pela cal espalhada pelo chão...
Pensei que fossem névoas pelo chão, Talvez teu talco?
Pois o ar estava impregnado pelos teus perfumes,
Que minha sinestesia, ou fantasia, permitia sentir... Apreciar...
No palco em reformas, somente tu e uma mesa antiga.
Sob a mesa antiga, nosso Porto flertava com duas Strauss,
Meu queijo, tua salada, banhavam-se no balsâmico de mel e laranja...
Sentei-me ao piano.
Mas não sei tocar...
Sentastes em meu colo.
Mas sei te amar...