Brisa abraçou com força sua bonequinha de pano.

Já não se faziam bonecas assim... era coisa velha e fora de moda. As amigas de Brisa riam e apontavam com desprezo. Era a hora em que Brisa voltava correndo pra casa, entrava em seu quarto e se sentava no chão com sua boneca, que se chamava Maricota. Conversava e acariciava com um amor que só vendo! Mas chorava também. Pensava nas meninas da rua e não conseguia entender porque elas não gostavam da sua Maricotinha.

Um belo dia Brisa saía da escola, primeiro passando pelos portões gradeados e imponentes, depois ganhava a rua onde tinha um pipoqueiro. Brisa sempre parava pra comer pipoca... então foi subindo uma ladeira e já avistava sua casa quando uma menina da rua, corpulenta e meio fedida surgiu em sua frente esbravejando.

Aquela menina má odiava ver Brisa andando pela rua e carregando a sua boneca de pano encardida. Quis então ganhar no grito, e impedir que Brisa voltasse a sair com sua boneca. Mas Brisa afirmou que preferia apanhar todos os dias a largar sua Maricota... então a menina a deixou em paz. Nada que fizesse separaria as duas amigas.

Brisa entrou em casa e não tinha ninguém. Mas não importava, ela queria ver sua boneca de pano. Só que quando chegou no quarto, algo aconteceu.

A Maricotinha falou! E Brisa tomou um susto enorme!

Passado o susto, as duas conversaram e conversaram por muitas horas. Até que chegando a noite, Maricota beijou e abraçou sua grande amiga Brisa, e sussurrou: “Continue acreditando”. Indo-se embora para sempre.