Com pesar, saudade

Posso chorar aqui hoje? Estou tão sozinha. Essas palavras tortuosas desvencilhavam ao tocar um peito retumbante. Fitando com um olhar inóspito e inclemente, ela procurava palavras entorpecentes para embriagar, dar um pouco de coragem aos loucos. Era inócua e aprendiz na arte de suplicar, de um jeito indulgente recitou palavras conturbadas para dizer uma obviedade que pairava ao ar. Ela precisava de abrigo. Porém seu orgulho parece calar-te, censurar sua aparente ausência de amor e acolhimento. Ele a fitou gentilmente, seus olhos pareciam sofrer silenciosamente por ver tal rasgo num peito, num coração tão querido. Abrindo a boca para recitar palavras para aquecê-la, ela não queria frase alguma. Saltou em direção aos braços dele e os prantos contidos em sua garganta, soltaram-se dos grilhões. Os sussurros e gemidos baixos como um timbre fúnebre enegreciam o ar. Saudades de ti, meu amor, saudades. Meu bebê, como pude ficar longe de você? Aqui parece tão sombrio e solitário. Tal qual era para ele, citando promessas passadas e até outrora quebradas, as mesmas pareciam reacender para um amor mais quente e acolhedor. Olhou em direção a seus olhos inocentes e apaixonantes, ele podia sentir tudo dentro de si remexer e se contorce, algo moribundo dentro de si parecia crescer novamente e criar forma. Ele queria dizer que amava, mas sentia que era cedo demais e tinha medo de ao professar tais sentimentos, os mesmos morreriam em contato com o ar, com a realidade... Queria mantê-los guardados ou presos dentro de teu âmago.

G S
Enviado por G S em 27/04/2017
Reeditado em 27/04/2017
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