* Na calçada *
NA CALÇADA
"Ora (direis) ouvir estrelas..." (O. Bilac)
Noite, garoa fria. Caminhava ele, absorto, pela calçada próximo à sua casa. Súbito, percebeu algo brilhante na calçada. Curioso, aproximou-se. Era uma estrela! Surpreso, recolheu-a e colocou-a no bolso.
Levou-a rápido para casa. Sentou-se, colocando-a sobre a mesa. Pôs-se a escrever o que ouvia da estrela.
Disse-lhe ela:
-Sou uma estrela cadente. Nós, estrelas, habitamos a vastidão do infinito. Os humanos se encantam ante um céu estrelado. Parecemos muito próximas, mas é ilusório. Nossa solidão é infinita, por imensas distâncias. O cintilar é nossa dor que lateja... Vocês são muitos e vivem muito próximos. Porém... também estão tão distantes uns dos outros, distanciados por preconceitos, desamor, indiferença: fazem guerras, matam-se entre si, desconhecem o verdadeiro amor e a convivência pacífica, com raras exceções. Você encontrou-me na calçada e me acolheu. No entanto, solidão por solidão, prefiro o infinito, para onde estou voltando. Sinto-o também solitário e triste. Quer partir comigo?
Ele tudo anotou. Envolto em encantamento e emoção, o homem não vacilou. Subiu no brilhante rastro da estrela e com ela foi-se... Lá, ele escreve tudo o que está "escrito nas estrelas"...
Nunca mais foi ele visto...
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Agradeço à ÁDRIA COMPARINI, a trazer nobre forma de combate à solidão:
ESTRELAS SOLIDÁRIAS
Tempos da vida... batia a solidão,
As lágrimas escasseando, secando...
Tantas perdas, dores... paixão,
Ao acabarem, o coração esvaziaram..
O que se via eram pessoas sem chão,
Pois os filhos partiram, eles afrouxaram,
O que restara eram marcas na amplidão,
Mas minhas amigas com alegria se encontraram,
Restaram laços antigos de amizade,
Criaram outros preciosos, delicados,
Uniram-se em favor dos necessitados.
Mulheres solidárias, com tenacidade,
Iniciaram uma vida nova com Jesus,
Qual estrelas unidas em radiante luz!
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DAVID S WAISMAN interage com belo conto, uma parábola sobre a paz, com muita criatividade. Muito agradeço.
Dos céus infinitos desceu uma pomba branca. A pousar nas doces areias da esperança, encontrou uma estrela-do-mar.
"O que faz aqui uma estrela como você?", indagou a pomba. "Venha comigo aos espaços astrais, onde em noites claras brilham todas as estrelas".
Respondeu a estrela-do mar: "Obrigado, mas prefiro ficar no oceano, onde talvez meu brilho individual não seja percebido, mas o brilho coletivo das estrelas se reflete nas águas, formando espumas que trazem às praias a promessa do amor".
E assim dizendo, voltou a estrela ao mar, desaparecendo entre as ondas.
Ficou a pomba mais um minuto a contemplar o mar. Encontrando uma nova folha de oliveira, levou-a à humanidade faminta de mensagens de paz.
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