Angélica contou que a índia Apinajé chegou em Campo Grande trazendo um osso humano numa aió amarrada na cintura. Inicialmente, pensou-se tratar da lembrança de seu último repasto? A suspeita caiu por terra, no dia em que, ouvindo Zé Coco executar ‘Saudade de Mirabela’, a índia acompanhou a música, tocando com aquele osso, que mais tarde se soube tratar-se de uma cangoeira.
— Que é cangoeira, D. Angélica?
— Preste atenção, Jerônimo! Cangoeira é flauta indígena, feita com osso de um guerreiro, morto em conflito. O pai de Apinajé. Talvez!
— Cruzes! Bicho porco é índio: pôr a boca em osso de defunto!
— Essa farofa é de quê?
— A senhora não sabe que é farofa de tatu?
— Cadáver de tatu, queres dizer.
— Cadáver humano é diferente!
— Para índio, não. Pra eles não faz diferença comer um bispo ou uma sardinha.
***
Adalberto Lima, fragmento de Estrada sem fim...
— Que é cangoeira, D. Angélica?
— Preste atenção, Jerônimo! Cangoeira é flauta indígena, feita com osso de um guerreiro, morto em conflito. O pai de Apinajé. Talvez!
— Cruzes! Bicho porco é índio: pôr a boca em osso de defunto!
— Essa farofa é de quê?
— A senhora não sabe que é farofa de tatu?
— Cadáver de tatu, queres dizer.
— Cadáver humano é diferente!
— Para índio, não. Pra eles não faz diferença comer um bispo ou uma sardinha.
***
Adalberto Lima, fragmento de Estrada sem fim...