Não quis dizer que no Nordeste, ele comeu sementes de maniçoba, encontrada no esterco das vacas, e alimentou-se da mesma macambira que queimava para dar ao gado na seca de 1932. Nem que era nômade como milhares de nordestinos, que abandonam suas terras, por causa da seca e vão tentar a sorte, longe do seco torrão. E quando um grandalhão, do alto de seu orgulho perguntava, em tom zombeteiro: ‘Tu és nordestino, bichinho?’ Tinha vontade de dizer: ‘ Sou polonês, alemão. Quem sabe, oriental!’ ‘ Sou um vira-lata que morou em Minas Gerais, Bahia... Maranhão, São Paulo, Goiás e Rio de Janeiro. Mas nasci no Nordeste. Ficava, no entanto, com outra resposta: ‘Sou brasileiro...’
— Deste tamanho estás mais para boi curraleiro — diz o mineiro.
— Pé-duro. Na minha terra, pé-duro. Mas afinal, quanto vale um pedaço de carne a mais, se São Miguel não é açougueiro! De que vale o tamanho da carcaça, se o espírito imortal, não tem pele nem osso! Tanto faz 100 ou 150 granas de pó. Na balança de Deus, qualquer quantidade tem o mesmo peso.
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Adalberto Lima - fragmento de Estrada sem fim...