CASTELO FINANCEIRO

Ernesto nadou quase toda a vida numa aparente abundância. Que permitia a ele afastar as agruras sem desesperos cáusticos.

Pequeno aplicador na Bolsa de Valores, achou-se, após certo tempo, profundo conhecedor do mercado especulativo. Quando a febre da financeirização instalou-se, já imaginava-se um barão naquele castelo. Intoxicou-se de derivativos. Não abraçou milhões fictícios como os anunciados por aplicadores jovens e atléticos que eram alçados às colunas sociais como autênticos atletas campeões de especulação, mas abocanhou o suficiente para que trocasse de mulher, bens e outros atrativos.

Veio o subprime. Os montantes foram evaporando. Ernesto não queria dar adeus àquela abundância. Deram por ele. Hoje recolhe moedas numa caneca e ainda sonha com outra onda de otimismo financeiro.

Cleo Ferreira
Enviado por Cleo Ferreira em 18/08/2016
Código do texto: T5732365
Classificação de conteúdo: seguro