A NOVELISTA
Muito adoentada, restavam-lhe poucos meses de vida. Mesmo assim, quis escrever uma novela, a última. Implorou, suplicou e o diretor da emissora autorizou, com uma condição: que ela tivesse uma colaboradora. A novelista aceitou, meio a contragosto. Pois gostava de escrever sozinha. No meio da novela, faleceu. Não sem antes passar todas as coordenadas à colaboradora. Que sabia direitinho que rumo dar a cada trama, a cada personagem.
No velório, porém, assim que a colaboradora se aproxima do corpo, a novelista levanta do caixão e agarra-lhe o braço:
– Joana, estive pensando aqui. Acho melhor o Cristiano não ser preso e reconquistar o amor da Maria Clara!