O CHEIRO DA MORTE

Mesmo solteirona, passava perfume antes de dormir, toda noite. Motivo: se morresse durante o sono, como defunta passaria boa impressão. Morava numa rua quase deserta. Os poucos vizinhos, por ocasião do Carnaval, haviam viajado para a Região dos Lagos. Entretida com os desfiles das escolas de samba, justamente naquela noite, adormeceu sem borrifar a sua fragrância da morte.

Seu corpo foi achado três dias depois, na Quarta-Feira de Cinzas, graças ao cheiro nada agradável que vinha de seu quarto.

Abraão Baêta
Enviado por Abraão Baêta em 01/06/2016
Reeditado em 02/06/2016
Código do texto: T5653376
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