CORPO DE MULHER
Ela parou diante do espelho e sem hesitar soltou a toalha e mirou-se completamente nua. Lentamente tirou os óculos, soltou o coque que prendia os cabelos, olhou bem para o seu rosto e percebeu pela primeira vez que os seus lábios havia perdido um pouco a carnosidade, desceu o olhar para os seios murchos e o abdômen flácido, fixou os olhos nos pelos pubianos embranquecidos e os acariciou em seguida virou-se de lado percebeu os glúteos caídos e as coxas flácidas cheias de varizes. Voltou a olhar para o seu rosto, uma lágrima teimava e sair pelos olhos, mas ela reagiu. Sorriu de si, sorriu para si. Ainda tinha covinhas nas faces quando sorria. Achou-se linda, contemplou-se por completo diante daquele espelho que um dia fora o palco de contemplação da sua beleza, fez um charme, piscou o olho esquerdo, deu de ombros e jogou-se nos braços do amado.
Ele a esperava de braços abertos com o mesmo ardor e o mesmo desejo dos tempos da mocidade. Era muito amada por si e por ele. Então percebeu que era mais que um corpo de mulher, era uma mulher viva dentro de um corpo.