Último pensamento
Tinha sessenta anos ou um pouco mais. Talvez setenta. – O tempo passou muito rápido até aqui, pensou. Ao longe, quase imperceptível, ouvia o som de um despertador vindo das profundezas de seu sono. Algo lhe dizia que era cedo ainda para levantar-se. Esforçou-se para esticar o braço na tentativa de conter aquele som e dormir mais um pouco, mas o relógio parecia fugir-lhe ao alcance. – É o tempo que alimenta o relógio assim como o oxigênio alimenta o fogo. Sem oxigênio o fogo se apaga; sem tempo o relógio finalmente pára. Foi seu último pensamento.