UM BANCO DE PRAÇA, UMA NOITE
Ergui a gola do sobretudo, afundei o chapéu um pouco mais no cocuruto e aguardei pacientemente que o sono, embalado no fino sereno, acolhesse minhas pálpebras cansadas. Cruzei os braços e cada mão afundou-se manga adentro. Em meio ao bater de pernas em busca de um aquecimento adicional, senti um calor reconfortante. Que foi se prolongando, prolongando e prolongando. Não quis (ou não pude, sei lá!) abrir os olhos, talvez receoso de encarar um anjo de cara suja, ao meu lado, ali, naquele banco desconfortável. A sensação agradável me venceu.
Pela manhã, ainda embotado pela névoa, auscultei o entorno. Silêncio e frio. Um pássaro, ignorando minha presença, buscava migalhas diligentemente.