O CELULAR
Rua meio deserta àquela hora da manhã. Suzana, adolescente de 16 anos, caminhava pela calçada; onde ia não interessa. Lá adiante vinha alguém na mesma direção, porém em sentido oposto.
Ao perceber que aquele rapaz não era de boa aparência, a moça tirou o celular do bolso para pôr em prática aquela estratégia que era seu costume quando encontrava na rua alguém que não lhe era simpático e a quem não queria cumprimentar.
Esta é uma das mil utilidades do celular. Quando uma mulher não quer cumprimentar alguém que encontra na rua, tira logo o celular e, ao passar pela pessoa, finge que está vendo algo muito interessante na telinha do aparelho. E assim não dá a menor bola ao indivíduo que passa por ela.
Era o que Suzana também fazia. Moça bonita, cheia de amizades e pretendentes, por que iria cumprimentar um homem feio na rua?
O encontro estava próximo. Suzana olhava atentamente o celular, parecia que mais nada no mundo lhe interessava no momento.
Mas quando a distância entre os dois era de apenas um metro, o cara repentinamente estendeu a mão e arrancou o celular de Suzana. Foi um tremendo susto, e o rapaz partiu em disparada levando o precioso aparelho comunicador.
Há um minuto não queria nem olhar para o rapaz, não queria cumprimentar nem sorrir. Agora só restava chorar.
Ignorar uma pessoa é muitas vezes o mesmo que insultá-la.
Vê se aprende, tá?