Cumatâ, matrinxã e pacamã
Amarrados os três peixes por um cipozinho que lhes penetrava pela guelra e saia pela boca, só pude reconhecer o cumatã. Os outros dois eram novidade.
Compramos o cumatã, ainda relativamente fresco para um bicho que havia sido apanhado umas poucas horas antes.
Ia ficar sem saber o gostinho do pacamã ou do matrinxã, mas quem sabe ainda os provaria mais hoje, mais amanhã?
O mandi era dos mais comuns e o dourado, dos mais raros e apreciados, mas esses não estavam no menu de hoje do Arnô. O dourado, se estivesse, na certa não esperaria para me encontrar ali na periferia: no centro, para aquele pessoal mais abastado, e de gosto mais refinado, é que o Arnô o venderia. E logo com um boa dose de pinga comemoraria, já pronto pra nova pescaria.
Era por ocasião das chuvas e das cheias que se pegavam peixes com maior fartura. E assim, o barro estava quase sempre associado aquele ambulante mercado.
Escamado, limpado e fritado, o cumatã, em proteínas foi reciclado. Mas mais ainda, saboreado. E continua hoje lembrado.
Pena que seus ilustres colegas de prestação de serviço, na rimação, pacamã e matrinxã não mais voltaram no cipozinho do Arnô a figurar. E muito menos no meu paladar.
E se hoje pra peixe não anda o mar, o rio, tadinho, há de estar?