Prima Neném, que revém
Prima Neném tinha uns cachinhos de dar inveja na Shirley Temple. Mas a graça maior é que, sem a exposição das telas, o show era privativo. Pelo menos foi pruns atônitos nós mesmos, quando de nossas raras mas tão caras idas à capital de Minas, acompanhando pais para alguma consulta ou intervenção médica junto ao IAPI, e a infalível hospedagem na casa de parentes.
E no pacote, estavam incluídos o passeio no parque municipal, algum picolé ou refrigerante - não gelado, e portanto, sem graça, pra não agravar as amígdalas, e a visão daquelas cousas grandiosas, dos bondes, dos magazãs chiques, e o supremo dos supremos, quem sabe, um passeio nas lojas Americanas...depois de um passeio no parque municipal, por suposto.
Nunca dava pra fazer tudo, mas paciência, outras viagens viriam. O que contudo veio uma vez e ficou, foi a apresentação de Neném, filha única, dos olhos azuis, agora já apertadinhos de sono, vestida de seu pijaminha, sair de seu quarto e dar boa-noite pros pais, que ainda nos faziam sala: Boa-noite paizinho, boa-noite mãezinha!
E estavam assegurados os mais doces sonhos. Irriquietos, medonhos!