O MUSEU

E no museu bem centrado, logo na entrada com o porte altivo de tal tratamento: - Excelentíssimo! Ainda residem dois coqueiros magníficos e esbeltos com ar viçoso apesar da idade. Assim como os tostões que naquela época de epopeia comprava-se aos grilhões e hoje nem o feijão com arroz. Num passeio dentro daquela linda redoma, tanta coisa presenciei com a 'fessora' Emiliana que ia conduzindo a história junto a tantas imagens magníficas. O que mais mexia comigo eram os dinossauros, as múmias, os meteoritos, os barcos vikings e a parte da mitologia greco-romana. Melhor dizendo: Tudo, exatamente tudo era impressionante e eu como itinerante ia tentando desvendar os mistérios de cada greta, de cada traço ou mapa, de cada escaninho num buraquinho de parede - por ali passavam as aranhas grávidas de seus filhotinhos - divagava com os meus botões.

Naturalmente eu via com os dedinhos comichando querendo tocar e sentir, mas o cuidado era de não ruir tantas relíquias e fósseis, portanto, era o não permitir que fossem maculados ou alisados pelo meu insano desejo de tê-los próximos à minha quentura em saber a conjectura dos astros com os meteoros espalhados naquele salão envernizado.

E me vinha novamente a vontade, e num instante e sem fazer alarde, desviei de mansinho um dos meus dedinhos e alisei o invólucro em que uma índia velha cabia sentada naquele jarro - e o meu sentimento, ainda assim, era de meia-realização - pois queria a comunhão de poder agarrar com firmeza todas àquela fantástica beleza.

E por fim, pensei catódica, vai que um raio parta sobre mim. São tantos passados escondidos e tanto mistérios encobertos por marfim, que posso virar um alvo a qualquer momento desse intento. E nesse entusiamo me veio um silêncio ensurdecedor, tal qual um amor interrompido.

Mas a sensação era de querer por querer sentir, tocar e provar cada pedacinho de história. Cada porção de memória recitada até aquele momento. E agora resgatei nesse tempo um tico, um naco dessa veracidade dita.