O RIO
Olhou o rio. Sentia medo. Respirou fundo, tentando desvendá-lo: não conseguiria, jamais. Parecia imprevisível, turvo. Olhando-o, apenas, não poderia defini-lo. Não saberia sua profundidade, se a correnteza era forte demais, se era frio em demasia... Mas, oras, se não entrasse nunca saberia. Poderia afogar-se? Talvez. Contudo poderia descobrir nele um rio tranquilo, no qual passaria uma tarde agradável sob a luz do sol. Quem garantiria qualquer das hipóteses, que não o acaso?
Respirou fundo, encarando-o com certo receio. Sem mais delongas, sem muito pensar, atirou-se num salto destemido e arriscado. Seu corpo atingiu a água com força, espirrando-a aos ares.
E o rio? Era fundo? Era forte? Era frio? Não se sabe. Atire-se também.