Sobreviveu
Ameaçou sair de casa. Saiu.
Soltou um foda-se com os pulmões repletos de ar. Bateu a porta atrás de si e sufocou todo o espaço cheio de nada. Acomodou-se no banco da praça e alimentou alguns pombos, nada refletia. Apenas a poça d´'água da chuva anterior àquelas horas. A sua cara retorcida e carrancuda, sim, ali estava a sua imagem. Morreu por dentro. Reviveu por fora.
Soltou um putaquepariu de alívio como se tivesse desafogado todo os seus sentimentos de uma vez só. Libertou-se. Pensou com ares de filósofo idiota com frases mesquinhas e insuportavelmente ridículas. Coisinha mais clichê.
Abriu um sorriso bem maior que a sua própria boca. Atirou-se mundo afora.
Sobreviveu. Se salvou.