ADEUS, MORTE!

Chego ao destino empoeirado, com fome, sede e muito, muito cansaço. Jogo a capanga de tecido, muito encardida, no chão.

Vivo empoeirado, com fome, sede e muito, muito cansaço. Atiro meu casaco puído no chão da sala miserável, fumo a última guimba que encontro e aplaco o ronco do estômago com os restos de pão que meu rato de estimação esqueceu de carregar.

Deito empoeirado, com fome, sede e muito, muito cansaço. Pulo da cama e roubo o que resta do vinho ordinário que alguém escondeu na moita que chamam de jardim. Tranco a porta, apago a luz e sorvo o líquido com sofreguidão. Amanhã tenho que enfrentar a proprietária da pensão me cobrando por mais um mês de aluguel em atraso.

Cleo Ferreira
Enviado por Cleo Ferreira em 16/10/2014
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