Comemorar é preciso!
Luiz Gustavo conta que quando morou em Bombaim, certa ocasião acordou com uma barulheira infernal na rua. Tão atordoado que estava, saiu correndo pensando tratar-se de uma guerra civil ou coisa assim. Seu vizinho pediu que se acalmasse. Tomou um copo de água e finalmente percebeu que as pessoas comemoravam alguma coisa. Isso era estranho, pois justamente aquele bairro de periferia a pobreza era tamanha que até a vegetação das áreas devolutas e praças abandonadas era escassa e amarela, como se aguardasse os últimos momentos de vida. Que poderiam estar comemorando? Aquele povo não tinha nada que pudesse render tamanha euforia. Lembrou-se do carnaval da sua querida Rio de Janeiro, Dos frevos de Pernambuco, da Bahia... Uma lágrima foi retida mas chegou a rolar enquanto a última golada descia goela abaixo... Saudades do Brasil... "É a chegada da Primavera, Mr. Gustavo. É isso que comemoram" esclareceu o vizinho solícito. "Mas como uma festa assim se nem flores aparecem, aliás nem folhas têm mais..." Pensou Luiz. "Isso sim é que e povo emotivo... lá no Brasil, que tem tudo que aqui não há; verde, florestas, flores, jardins, frutas... um paraíso tropical... Ah se esse povo vivesse em nosso Brasil..."
Baseado numa situação real:
Uma entrevista concedida por um poeta francês que viveu na Índia ao programa "Jô 11 e meia" no SBT.