ESQUECI DE LEMBRAR
Esqueci de lembrar que sou um pedaço de vidro que corta a boca e a recordação da cachaça, no perfume que mancha o ar e insiste em marcar a recordação do outro dia.
Esqueci de lembrar aonde deixei o prato de salgados, e com ele a sensação de não comer e não saber aonde estava.
Esqueci de lembrar o quanto é triste, quando estou com o copo de bebida na boca e no auge, insisto em falar dos outros e no outro dia o esquecimento ou fingimento de não querer recordar.
Esqueci de lembrar dos comentários inapropriados nas conversas na mesa, sabendo porventura das paredes ouvidoras, que no outro dia fazem questão de comentar.
Esqueci de lembrar que os tumores na garganta e no peito, apareceram e teimam de enraizar, fazendo a solidão da ferida ser aberta diante de todos.
Esqueci de lembrar, muitas e muitas coisas, umas delas o sofrimento de ter irmãs e irmãos que não se amam, e se toleram.
Esqueci por ventura de lembrar que o dia vem depois da noite e as desavenças que se encaixam no meio também.
Esqueci talvez de lembrar que o amor do neto é maior, quando a mãe desnaturada não deixa você ficar e nem sentir, ficando o pesar do chorar.
Esqueci também de lembrar que o rancor nos traz infelicidades e não devemos alimenta-los para sempre.
Pois é eu esqueci tantas coisas e tantos dizeres que a falta do amor de todos me faz lembrar que morri.
Esqueci de lembrar da podridão que é o dia-a-dia, quando alguém lhe diz o que fazer; dando palpites e lembranças infelizes.
Esqueci de lembrar que o amor de mãe é igual pelos filhos, não havendo distinção, que eles são amados igualmente, independente de cor e sexo.
Por ora o esquecimento é meu e o seu como será?
TARTAY/SETEMBRO-2014