DIA ETERNO

Rubem César comemorava discretamente a notícia de que seria pai de gêmeas. Sorveu o café requentado, já pensando que o pequeno apartamento teria que passar por reformas e adaptações.

D. Antônia, cantarolando, foi até o quintal e ajeitou a vasilha cheia de ração para o cachorro.

Nivaldo abriu os olhos. Focou-os em nada, pasmado diante da escuridão do barraco.

Rubem César distraiu-se ao volante na volta para casa, pensando na frase do chefe que captara sorrateiramente. Haverá cortes – ouvira.

D. Antônia seguia tranquila rumo à padaria.

Nivaldo mordeu o último pedaço de carne do espetinho e atirou-o na calçada empoeirada.

Rubem César freou bruscamente. D. Antônia, assustou-se e Nivaldo nem pestanejou. Apontou a arma na direção da cabeça do motorista que, num safanão instintivo, desviou-a. Assutado, Nivaldo disparou e a bala atingiu D. Antônia que, mesmo caída, viu Rubem César atropelá-lo.

Cleo Ferreira
Enviado por Cleo Ferreira em 25/09/2014
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