Na maior merda
Quem o visse, já ia logo imaginando que vivia na maior merda. Literalmente. Ledo engano, contudo. Dela vivia sim, mas daquela procedente do capim.
Era sua uma casinha tosca, mas limpinha, e até bem varrido o chãozinho que a cercava, até que naquele monte de estrume se chegava. Ficava no meio de um pasto, a poucas jardas de um rio São João, mas Sivirino Lagoa, era prosa boa, dessas de que todo mundo gosta, mesmo lhe comprando uma baciada, ou uma carrada, de boa bosta. Sequinha, adubo de primeira linha, tanto pra um pomar, quanto pra qualquer hortinha.
Olhos azuis, cabelos grisalhos e abundantes, rugas bastantes, perfaziam aquela figura pouco comum. Mas quando falava, é que a singularidade se ressaltava: "... e os fiutim, tá bão"? "E bão mesmo é quando cabe tudo dibaxo de uma cuberta". E assim era a alma que se adubava, na certa.