Borboletas Invisíveis - As Crônicas do Inexistente.

Borboletas Invisíveis - As Crônicas do Inexistente.

Eram ainda 5:30 da manhã, o dia ainda confundia-se com a noite, mas a canção da pequena capela, rompia o silêncio da pequena greensleave.

A luz timida das lamparinas, o uivo dos ventos, e aos poucos a praça central era tomada.

As pessoas com suas expressões calmas, que pareciam ainda sobre a intorpecência de seu sono, sentiam o calor do dia tomar sua face.

Uma pequena criança de cabelos de sóis, tão louros quanto os raios do dia, derramava seu pranto sobre o pálido corpo largado diante da cruz sagrada do altar central da praça.

Uma mulher cuja a inoscência era tão transperente quanto as vestes que a encobria fora vitima de algo ruim.

Os homens com olhares culposos, derramavam seus prantos falsos,

pois acabaram de condenar uma alma boa, pelo seus próprios pecados.

Ninguém almeja a si o inferno inflamante e doloroso que corroi sua alma.

Pedras banhadas ao sangue e o silêncio, constratavam com a noite anterior, quando uma pura mãe em apenas um ato de amor, defendera sua filha, e fora condenada a morte.

Um homem com pensamentos sórdidos, e um hálito pavaroso, cuja a aurea é tão negra, que nem o sol podia a iluminar, tentou de forma brutal se aproveitar da pobre criança, e em um ato heróico a mãe, puxa da própria bainha da calça do homem uma faca, e a crava em seu peito.

Aos gritos, o homem faz mau testemunho sobre sua companheira:

_Matem-na esta adultera e assassina!

E com o poder de julgamento injusto e sem defesa, o povo de seu vilarejo a arrasta ferrozmente até a praça central, e sobre a cruz da libertação, a apredejam.

O sangue corre por sua face, misturando-se aos seus prantos, e com uma voz tremula, na evidente morte, implora aos seus de forma calma:

_Senhor, entrego-te minha alma, mas cuida de minha filha.

E uma voz suave invade teus ouvidos, enquanto um clarão toma teus olhos:

_Minha filha, cuidarei do fruto de teu ventre, agora volte para casa, este mundo cruel não mais te pertence.

Ao dar o ultimo suspiro, e seu corpo perder sua alma, o céu começa a chorar, e a culpa corroi o coração de todos.

_Ao amanhacer ao culpa parece maior, ao ver a pobre criança, aos pés de sua mãe, aos prantos, gritando:

Porque Deus, porque a levou?, foi seu pecado me defender?

Borboletas brancas surgem juntas as folhas secas, que envolvem o corpo, a menina sente uma paz em seu coração, e junto ao corpo de sua mãe adormece.

(Venha criança, tua mãe a espera anciosa).

A pior culpa é a do arrependimento, a culpa pelo julgamento injusto que não nos cabe, estamos condenados ao inferno?

Inferno, já vivemos nele, e nem percebemos.

Onde existe paz em um mundo onde a guerra é maior que o amor, onde a discordia é maior que o perdão, onde os pais enterram seus filhos, onde a esperança não passa de uma ficção, onde nossos idolos nos humilham, e nossa fé é algo vendido, onde nosso Deus é um golpe de marketing, e nossos sonhos tem preços embutidos, onde não podemos ser nós mesmos, onde sofremos calados, com medo do repúdio de nossos vizinhos.

Não desejo essa herança para meus filhos, não ter histórias para contar de um mundo bom, onde talvez seus filhos não saibam o que é a infância, e nossos livros que nos encantam, não passem de um catálogo de propagandas.

Tenham mais fé em seus sentimentos, mude as pequenas coisas que se pode mudar, não espere a atitude do outro, seja o protagonista da sua história, a transforme em um final feliz.

DjavamRTrindade
Enviado por DjavamRTrindade em 06/08/2014
Código do texto: T4912337
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