Crisálida
Ele queria ser surreal. Melhor dizendo então: ele não queria ser, e sim esvanecer, transformar-se, transcender... Não via graça no concreto e sólido; preferia mais o etéreo , o inverossímil, o insólito. No mundo animal ficava fascinado com as pequenas crisálidas. Mas se dava mal na ciranda do cotidiano. Nunca foi feliz. Ao morrer deixou em todos uma vaga lembrança e também uma dúvida: teria ele vivido realmente? Ou apenas atravessado o caminho terreno? Só sei que ele ainda me vem à mente, no farfalhar de uma brisa ou na efemeridade de um aroma...