O trem para Pindorama
Mais uma olhada no espelho. Ajeito a camiseta branca, um batonzinho básico e meu perfume favorito. Como diz minha irmã - "me sinto nua quando saio sem um perfume". Calço o par de tenis, não gosto, mas talvez precise andar bastante e saio em direção à rua. Vou para a estação. Não quero perder esse trem.
Me questionam se esse trem tem alguma finalidade, se tem uma parada final.
Me perguntam por que não o peguei antes.
Para todos respondo que não sei, mas fazer alguma coisa é melhor que não fazer nada e ficar só reclamando.
E por que agora? Em toda a história da humanidade sempre houve um mote, um gatilho, muitas vezes parecendo insignificante para que as pessoas se unissem.
E precisa de um por quê?
Por acaso anda satisfeito com os seus direitos? Porque deveres eu tenho aos montes.
É claro que existem os marginais arruaceiros, mas eles não me representam, e eu já vi esses tipos deturpando a lei e a ordem, tentando ilegitimar boas intenções em outros lugares...sempre existiram, não sabiam?
E por fim, é um trem democrático. DEMOCRÁTICO. Não apenas para quem ganha bolsa-alguma coisa, ou vive em comunidade carente.
É para todos.
De qualquer modo vai quem quer. E eu não quero perder esse trem. Apenas para ver as pessoas saírem da inércia já é lucro.
Talvez ele não chegue à estação e pare em Pasárgada...mas todos sonham chegar em Pindorama. Onde o verde é mais verde, e onde a prioridade do ouro vai para a educação, saúde e segurança da população.