PÁRAMO
Há três longos dias caminhamos. Olho para o corpo esquálido de Luciana, outrora formoso, e lamento fazê-la passar por esse longo perrengue. À nossa frente, uma gruta à esquerda da estrada poeirenta parece convidativa. Sentamos no chão seco, protegidos pela sombra. As paredes ressequidas são como um flagelo a fustigar qualquer chance de vida que ali tente se abrigar. Seguro suas mãos já geladas e ossudas. Alguém chama por nossos nomes. Naquele deserto de ninguém já nem sei se domino minhas faculdades. Talvez seja um delírio derradeiro. Novo chamado. De fora, outro chamado: de uma ave de mau agouro.