A vítima
Certo dia como de costume lá pela tardinha
de fronte ao cine São Luiz na praça do Ferreira
levei os livros para Mário autografar.
Deu uma pausa no cigarro que sugava e sentado
inclinou-se para ouvir melhor. E logo pegou sua caneta
no bolço do paletó branco. De pernas cruzadas e olhar
distante disse: -Seu nome? Voltou a contra capa do livro
meio que pensando no que escrever, olhou-me e viu que eu
estava acompanhado de uma bela mulher, sorriu com a expressão
do rosto apenas, de forma irônica. E lá escreveu: Para o amigo João
Neto e a vítima. Confesso que na hora nem reparei, apenas confirmei
se estava escrito.Depois de lido o livro e alguns anos passado, decifrei e me pus a rir com saudades do poeta que sempre despertou meu interesse pela sua inquietude e escritos crus e mundanos.