NAUFRÁGIO DE ILUSÕES

Beijou-a ternamente e com paixão. Ignoraram a balbúrdia do cais de embarque. Ela correu afoita para garantir um lugar no barco antes que se enchesse de anônimos companheiros de travessia. Bestamente solitário apanhou as pétalas do botão que segurava e espalhou-as pelas águas turvas do rio que já ondulavam a embarcação.

Como um bardo desiludido ajeitou o chapéu, guardou as mãos nos bolsos vazios e mentalmente recitou Leminski: "Nada que o sol não explique"...

Cleo Ferreira
Enviado por Cleo Ferreira em 06/07/2012
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