"CRONOLOGIA DE UMA VIDA"
‘SATISFAÇÃO TARDIA’
Britânia já nasceu um ser humano insatisfeita. Seus dias no útero foram cercados das muitas doenças de sua mãe, que a levaram a ser órfã ao nascer. Uma infância sem o carinho materno, com um pai viúvo, fiel à esposa falecida, foi também atribulada, pois seu descontentamento era tão intenso que até o jardim da vizinha parecia mais florida e sua grama mais verde. Aos sete anos já não brinca na rua, pensa não ser mais criança. Quer crescer logo para ficar até mais tarde na praça. Aos quinze, seu desejo foi sair depressa da escola e começar a trabalhar. Precisava ter dinheiro para comprar as roupas de marca como as meninas do colégio usavam. Aos vinte e cinco, ela trabalha, é até bem sucedida para um início de carreira, mas sente falta de um par. Fica triste quando vê os casais ensejando essa felicidade. Com trinta e três anos, já casada, com filhos pequenos, sente o peso da rotina desgastante das tarefas do lar. Às vezes, precisa superar os momentos de vontade de desistir. Aos quarenta e oito, chora no casamento precipitado de sua filha, a quem cercou de todo carinho, mas ‘cochilou’. Sua vontade é que o tempo volte. Breve os outros filhos também se afastarão, e ela ficará sozinha com o marido a quem já o chama de ‘velho rabugento’. Logo chega aos sessenta anos, terceira idade, e ela quer voltar a ser criança. Começa a perceber que seu tempo vai diminuindo, esgotando, e que ‘era feliz e não sabia’. Busca agora, aos setenta, viver e aproveitar cada momento, pois nunca mais serão vividos outra vez... Britânia morreu sozinha, longe de todos e de tudo, sem entender o porquê de a vida ser tão complicada e dura em uma passagem tão rápida e inconstante para o ser humano...
(ARO –Homenagem à co-autoria da aluna CAROLINA RIBEIRO– ABEU. CEJP – 2012)
‘SATISFAÇÃO TARDIA’
Britânia já nasceu um ser humano insatisfeita. Seus dias no útero foram cercados das muitas doenças de sua mãe, que a levaram a ser órfã ao nascer. Uma infância sem o carinho materno, com um pai viúvo, fiel à esposa falecida, foi também atribulada, pois seu descontentamento era tão intenso que até o jardim da vizinha parecia mais florida e sua grama mais verde. Aos sete anos já não brinca na rua, pensa não ser mais criança. Quer crescer logo para ficar até mais tarde na praça. Aos quinze, seu desejo foi sair depressa da escola e começar a trabalhar. Precisava ter dinheiro para comprar as roupas de marca como as meninas do colégio usavam. Aos vinte e cinco, ela trabalha, é até bem sucedida para um início de carreira, mas sente falta de um par. Fica triste quando vê os casais ensejando essa felicidade. Com trinta e três anos, já casada, com filhos pequenos, sente o peso da rotina desgastante das tarefas do lar. Às vezes, precisa superar os momentos de vontade de desistir. Aos quarenta e oito, chora no casamento precipitado de sua filha, a quem cercou de todo carinho, mas ‘cochilou’. Sua vontade é que o tempo volte. Breve os outros filhos também se afastarão, e ela ficará sozinha com o marido a quem já o chama de ‘velho rabugento’. Logo chega aos sessenta anos, terceira idade, e ela quer voltar a ser criança. Começa a perceber que seu tempo vai diminuindo, esgotando, e que ‘era feliz e não sabia’. Busca agora, aos setenta, viver e aproveitar cada momento, pois nunca mais serão vividos outra vez... Britânia morreu sozinha, longe de todos e de tudo, sem entender o porquê de a vida ser tão complicada e dura em uma passagem tão rápida e inconstante para o ser humano...
(ARO –Homenagem à co-autoria da aluna CAROLINA RIBEIRO– ABEU. CEJP – 2012)