Os construtores do tempo…

Nós somos o princípio e o fim das coisas, simplesmente porque estamos no princípio e no fim de todas as coisas…

Há uma linha temporal universal que diversos cientistas humanos conseguiram conceptualizar de uma forma minimamente concreta…Certos e determinados comportamentos, quer conscientes, quer inconscientes, certas acções levam a que determinados acontecimentos tenham lugar, e é assim que se constrói o presente e por arrasto o futuro…

Ora se esses comportamentos, esses actos, forem alterados, o presente e o futuro serão obviamente diferentes…

A nossa prioridade, o nosso único objectivo é a preservação da espécie humana no futuro, fazendo com que o tempo não a mate…

E nós somos quem altera por vezes tal, quando vemos que o que resulta de tal não é do nosso agrado, criando assim, desta forma, outros presentes, outros futuros, em consonância com o que queremos…

Pode-se dizer assim que nós moldamos a história, não a criamos propriamente, limitamo-nos a alterar pequenos eventos que se transformam em grandes eventos quando o tempo pega neles e os desenvolve…

Muito tempo depois de lerem isto, algures no vosso futuro a ciência humana evoluiu de tal forma que alguns dos postulados científicos, algumas das leis imutáveis mostraram estarem erradas, e foi assim, por exemplo, que viajar no tempo afinal era possível…

E assim conseguimos ver o começo de tudo, como tudo se desenrolava, e como tudo acabava…

Não nos agradando os efeitos do tempo natural na humanidade, decidimos moldar este de forma a preservar a humanidade e lhe dar o melhor futuro possível…

E assim começámos a alterar alguns eventos do tempo original, na linha do tempo original criámos e criamos uma sequencia de eventos que proporciona à humanidade o que desejamos para ela, um futuro relativamente seguro para toda a espécie, assegurando que toda a espécie sobrevive…

É uma tarefa gigantesca e inacabada, porque ao criar, alterar, um evento, temos também que alterar, corrigir as consequências nefastas e daninhas que essas acções podem desencadear, e por isso estamos sempre a corrigir esse tempo…

O preço de tal foi o sacrifício de quem altera o tempo, pois criámos uma espécie de “bolha temporal” onde somos imunes ao tempo, porque se assim não fosse, algumas das acções que desencadeamos poderiam fazer com que nunca existíssemos, pois essas acções podem fazer com que os nossos antepassados nunca tenham existido, logo nunca existiríamos, logo nunca poderíamos alterar a linha do tempo, logo a humanidade, sem a nossa intervenção, seria extinta…

E assim, dentro dessa bolha do tempo, imune ao tempo, deixámos de ser humanos, pois nada no universo é imune ao tempo…Menos nós, que nos tornamos invulneráveis…Claro que somos mortais, claro que envelhecemos, sendo substituídos por outros que continuam o nosso trabalho, mas para um humano normal, se nos pudesse ver, seriamos de certa forma imortais por estarmos em todos os locais, em todos os pontos do tempo, desde o seu começo ao seu fim…O que acaba precisamente por ser uma definição de imortalidade, embora na prática não o seja de facto, pela simples razão de envelhecermos, de morrermos…

Se necessário criamos uma nova linha de pensamento humano, uma nova religião, filosofia, que altera de forma irremediável a linha do tempo natural…

O que fazemos por vezes causa milhões de mortes, mas se não interviéssemos, se deixássemos o tempo natural agir por si só, as mortes seriam ainda em maior número…

Preservação da espécie…

É disso que trata o nosso trabalho, mera preservação da espécie…

Em termos de imagem, para se visualizar melhor tal, nós criamos uma explosão para evitar uma explosão maior…

Como…?

Dando protagonismo a humanos que seriam anónimos, tornando-os relevantes na história, e assim alterando esta…Por exemplo…Uma dada pessoa se fosse, pelo tempo natural, por um dado caminho nada aconteceria…Nós fazemos com que vá por outro, onde conhece algumas pessoas que alteram a sua vida, a forma de ver esta, ou então pessoas que com esse humano alteram o curso da história, o que não aconteceria se esse humano tivesse ido pelo caminho que o tempo natural escolheu para ele…

Contudo isto nem sempre é possível, e nessa altura alguns de nós entram fisicamente na linha natural do tempo Do vosso passado e alteram este, seguindo um plano que delineamos previamente…

Alguns desses humanos, alguns de nós, ficaram na história que conhecem, quer como monstros, quer como heróis, tal depende dos acontecimentos do tempo natural que tivemos que alterar, mas uma coisa define todos, uma coisa que faria que fossem identificados se tomassem conhecimento profundo de quem são…: Não há uma sepultura, restos mortais, desses humanos, porque quando alteram o que tinham que alterar voltam para o seio da nossa equipa para continuarem a alterar o tempo, algures no tempo…De modo a que tal não seja aparente, criamos sempre histórias, geramos mitos que justifiquem essa ausência de corpos, mitos que com o passar do tempo se tornam a própria história real que figura nos vossos livros…

E não adianta pensarem em nós, nós somos invisíveis, nunca darão por nós, porque nós moldamos o tempo, sem darem por tal, porque o vosso tempo não possui alterações que possam notar, o vosso tempo é o que bem entendemos fazer dele, porque embora seja uma espécie de uma heresia às leis naturais do universo, nós não seguimos outra lei a não ser a que implique a preservação da nossa espécie humana, e fazemos tudo o que podemos, como alterar o valor mais sagrado de todos: desvirtuar e alterar o tempo, para que todos possamos ter mais tempo…

Nota:

A ideia que originou este conto foi um conceito da série “Fringe”, um mero conceito porque não faço plágio nem clonagem de ideias…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 26/05/2012
Código do texto: T3688687
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