Cara a Cara com Deus
Sempre achou que morreria bem velhinho como todos os seus familiares. Seu destino era outro. Numa tarde ensolarada de domingo, assistindo o jogo de futebol na televisão, sentiu uma pontada aguda no peito e, quando acordou (ou melhor, quando não acordou mais), estava no céu. E não é que os anjos não eram tão bonitos como haviam lhe dito! Propaganda enganosa. Mas eram gente boa (ou melhor, almas boas). Eles avisaram que Deus o estava esperando. Bastava seguir pelo lado esquerdo que, na 13ª nuvem, encontraria um grande portão dourado. Curioso, mas um pouco amedrontado, caminhou para lá com passos lentos. E não é que o Todo Poderoso estava mais para papai Noel do que para papai do céu! Olhando firmemente em seus olhos e com uma das mãos em seu ombro, aquele que se fez verbo pediu a ele que contasse em poucas palavras como tinha sido sua vida. Ele, que tinha morrido mas que não tinha perdido a memória, lembrou-se de ter apanhado da mulher várias vezes por ter empregado mal as palavras. Achou melhor não dizer nada. Apenas tirou um caderninho amassado e encardido do bolso e pensou: seja o que Deus quiser. As páginas, escritas à lápis, pareciam ter sido apagadas várias vezes e continham garranchos e mais garranchos. Sua vida tinha sido um rascunho que ele não tivera tempo de passar a limpo.
Sempre achou que morreria bem velhinho como todos os seus familiares. Seu destino era outro. Numa tarde ensolarada de domingo, assistindo o jogo de futebol na televisão, sentiu uma pontada aguda no peito e, quando acordou (ou melhor, quando não acordou mais), estava no céu. E não é que os anjos não eram tão bonitos como haviam lhe dito! Propaganda enganosa. Mas eram gente boa (ou melhor, almas boas). Eles avisaram que Deus o estava esperando. Bastava seguir pelo lado esquerdo que, na 13ª nuvem, encontraria um grande portão dourado. Curioso, mas um pouco amedrontado, caminhou para lá com passos lentos. E não é que o Todo Poderoso estava mais para papai Noel do que para papai do céu! Olhando firmemente em seus olhos e com uma das mãos em seu ombro, aquele que se fez verbo pediu a ele que contasse em poucas palavras como tinha sido sua vida. Ele, que tinha morrido mas que não tinha perdido a memória, lembrou-se de ter apanhado da mulher várias vezes por ter empregado mal as palavras. Achou melhor não dizer nada. Apenas tirou um caderninho amassado e encardido do bolso e pensou: seja o que Deus quiser. As páginas, escritas à lápis, pareciam ter sido apagadas várias vezes e continham garranchos e mais garranchos. Sua vida tinha sido um rascunho que ele não tivera tempo de passar a limpo.