GORJETAS EM PROSA E VERSO
Engolia sapos no serviço. Em casa, cuspia serpentes.
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Banhava-se no raso do rio, quando tropeçou numa pedra arredondada, pouco maior do que um prato. Pesada, sim, mas nem tanto. A custo, levantou-a.
Foi tragado pelo redemoinho.
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O Homem de Papel foi ferido de morte. Do seu ferimento escorreram palavras. A última a abandonar seu corpo translúcido tinha apenas quatro letras: vida.
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"Abra o seu coração", ele pediu. Ela obedeceu. Fez tanto frio que o amor dele também morreu.
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Tinha uma caneta de estimação. Sempre a recarregava. Sem ela, não escrevia nada. Perdeu-a, e não se cansa de procurá-la. Sua obra-prima, ainda pela metade, continua à espera.
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PRESENTE SUICIDA
Desembrulhou. No pacote havia um cd com as últimas canções do Renato Russo, uma caixa de giletes e outra de Lexotan.
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Ponteiro lento.
O tédio é a ferrugem
na engrenagem
do tempo.
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O DIA EM QUE OS GALOS NÃO CANTARAM
Sete da manhã, ainda escuro.
Deus cutuca o Sol.
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LENÇO PERFUMADO
O vento
roçou-me o rosto.
Tinha cheiro de café.
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Roupas brancas no varal.
Todas limpas, menos uma.
Suja pelo cocô do pardal.
No ar, paira uma pluma.
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A poesia é
um peixe fisgado
na realidade
em que estou mergulhado.
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Pare e pense bem:
é preferível o silêncio
a falar mal de alguém.
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Fugiu meu pensamento.
Para onde foi?
Perguntem ao vento.
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Que merda é essa.
Quanto mais quero calma
mais tenho pressa.
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O que espero da vida?
Que as horas alegres
sejam maiores que as sofridas.
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Já cometi tantas besteiras,
mas a maior foi cair na bobeira
de não mais cometê-las.
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é o que sempre falo:
gente fina, sim,
mas não pisa no meu calo.
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amor?
só ser for agora.
no futuro, tô fora.
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Assim é a vida:
por trás de cada encontro,
uma despedida.
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___________omuroeoutraspgsblogspot.com___________18.09.11