E assim partimos…

“We choose to go to the moon. We choose to go to the moon in this decade... not because they are easy but because they are hard;”

- John F. Kennedy, 1962

E assim partimos rumo às estrelas, quando sem dramas constatámos dramaticamente que a nossa Terra estava morta ou prestes a morrer, demasiado fraca para nos poder sustentar e nos ver proliferar como vaticinaram em tempos sábios antigos…

Quando se soube da morte anunciada do nosso berço, muita, demasiada gente previu o pior, previu a não salvação, o fim, a asfixia de uma raça que desde que nascera e ganhara a sua independência entre os restantes animais, olhou o céu não numa atitude de fascínio, mas sim com o olhar de um conquistador, ou de alguém que sabia que era uma questão de tempo fazer desses céus apenas mais uma entre tantas estradas que a sede de ir mais além fizera a espécie construir e depois percorrer, ou como nas estradas do mar, simplesmente aventurar-se nelas, rumo ao desconhecido, porque sabia que no fim do desconhecido há sempre algo para conhecer…

Mais do que saber, a humanidade sentia que essa tarefa era difícil, imensamente difícil, mas a parte nobre humana faz com que olhe as dificuldades como apenas mais um mero obstáculo a ultrapassar e não algo que a faça parar, porque sabia que no dia em que parasse ela começaria a morrer…

E assim, desmentindo uma série de axiomas naturais, o homem lançou-se na grande aventura, do qual o seu desfecho determinaria se iria sobreviver ou seguir o destino de todas as espécies de todos os tempos, a extinção natural…

E foi assim que quando foi lida a sentença de morte da Terra, os mais nobres entre nós sabiam ser apenas mais uma sentença que não nos dizia, não nos podia dizer respeito…

E foi assim que se descobriu uma nova Terra, um novo Lar e se desenvolveram os meios para lá chegar.

Não foi uma tarefa fácil, mas as grandes realizações humanas, aquelas que ficam na e para a história nunca foram fáceis, e foi assim que diversas Arcas de Noé saíram primeiro das pranchetas dos cientistas e depois para as fábricas onde ganharam corpo, onde ganharam o corpo da salvação…

E foi assim que o paradigma mudou, que nos lançámos na maior de todas as aventuras, lamentando o que deixávamos para trás, as memórias, a história, mas não nos envolvendo de forma irremediável em ambas, partimos com a ambição de criar novas memórias, de gerar uma nova História…

Houve lágrimas, houve mágoas na partida, mas não pôde haver lugar para mais nada, pois o horizonte e as dificuldades que estavam perante os nossos olhos e a nossa ambição eram demasiado vastos para que nos déssemos ao luxo que entre nós e elas algo mais se entrepusesse…

E afinal, se tal fosse fácil se calhar não nos atreveríamos a tal…

E assim partimos…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 26/07/2011
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