FRUTOS DO SILÊNCIO
O sol, o lago, o banco, o parque. Entardece. Mitra transforma o lago em placas de ouro, reluzentes. Ele e ela de branco, no banco, mãos desmancham-se em mímicas, desenham sonhos no éter. As mãos, silenciosas, pousam nos corpos, tateiam. Sol fica pálido, inocente espectador, desmaiando. Olhos, cúmplices, se fecham. Bocas, boquiabertas. Fundem-se os lábios. Sem palavras. No túnel morno, lúbrico, línguas viajam. Escambo do amor. A noite cobre-os com seu manto, alcoviteira.