Vendo estas palavras

Vendo

Vendo estas palavras,

Que não me cabem mais,

Que já não me representam.

Vendo estas palavras,

Pois finalmente percebi

Que eram inúteis,

Que serviam só como fuga.

Iludida e sem valor,

Acreditei, por um instante,

Que seriam minhas flores,

Mas o tempo trouxe as dores.

Palavras têm seu valor,

Mas as minhas não têm,

Seiscentos escritos amaldiçoados,

Quinze mil palavras mal feitas.

Quem me incentivou a escrever

Deveria ter aprisionado quem as escreveu,

Tantas tolices, tantas falácias,

Falsidade ideológica.

Vendo estas palavras,

Mas acredito que ninguém

Comprará essas bobagens

Escritas em tantos lugares.

Que tal doá-las?

Seria uma boa, alguém faria bom uso.

Trocar palavras, reestruturar

Diria que são suas? Que tal?

Matarei de uma vez oito,

Um só golpe e tudo se vai.

Oito covas profundas, prontas,

Dez flores nas mãos.

Há duas a mais,

E lançarei o primeiro veneno

Que surgir,

Para que nada reste.

Vendo estas palavras,

Dou estas palavras,

Suplico para que as leve

Embora daqui.

Vendo estas,

Vendo-me,

Porque não quero

Estar mais aqui,

Neste maldito fundo branco.

Felipe Mattos e Rouxinol de Julho Virgem
Enviado por Felipe Mattos em 24/04/2025
Código do texto: T8317300
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