Ilhado
O mar se perdeu à vista minha, um vazio de colossal.
Do cais velho, águas de incertezas.
No costume da brisa que acalma, não finda o profundo obscuro.
Sóis e tempestades, ilha que envelhece, somente um saber de areia.
E tão Ilhado de mim, vi as gaivotas migrarem.
Do norte e feiura, reflete um brilho e rosto, manhã que dura pouco.
O relógio perdeu se em contas, como conchas tediosas em aguaceiro que insiste.
O que viram estes olhos de tempo pequeno?
Se não, um infinito que só cabe em mim?
Se não, ruídos e murmúrios de pedras cansadas?
Contento me na felicidade de um sal e envelheço.
Como barco de encalhe, sou, sobre a âncora que limita a ida.
Ilhado em alma, perambula ventos deste ego.
E na tarde que tomba o sol, eu em círculo, adormeço.
O mar se perdeu à vista minha...
João Francisco da Cruz
31/12/2024