REZA

Quando lhe conto um segredo é porque lhe quero bem,

caso contrário jamais lhe mostraria algo meu.

Pois como hoje não há valor no vintém,

também não há valor no que alguém escreveu e ninguém leu.

Se lhe conto um segredo é porque lhe quero bem!

Um dia, numa tarde anoitecida,

a vida pode se mostrar num breu,

e se você não traz consigo uma chama acendida

é por tê-la apagado quando choveu.

Um dia, numa noite entardecida,

a cena teatral pode ser um adeus

com o final em que a dor vem no amém.

Se estou lhe contando este segredo

é porque lhe tenho apreço.

Numas breves linhas rabiscadas em forma de alerta,

um homem-menino lhe conta um segredo.

Dito isso, lhe escrevo:

Não há segredos no poeta!