Arca amadeirada

A vida estacionou em um tempo outro,

Guardando as memórias cor de canela,

No fundo de uma arca amadeirada,

Sussurrando segredos do passado,

Da melodia que entremeia a noite,

Com uma lua duplicada na janela,

Observo os pássaros noturnos,

Fazer morada no Boulevard,

Abrigo para a jornada de migração,

De Norte ao Sul, entre inverno e verão,

Longo percurso de voo até a chegada,

Na esperança de um pouso seguro,

Do descanso das aves rainhas,

Rabiscam o céu com suas rotas,

Linhas paralelas no arco convexo,

Quando a vida distribui um baralho,

Carteado que lança a sorte na mesa,

Cada carta um símbolo do destino,

Coroando representações de poder,

Valetes, Pagens, Reis e Rainhas,

O vento sopra forte com vontade,

O castelo de cartas desmorona,

Tudo muda, tudo se transforma,

Não há expectativa em terminar,

Vencer ou perder tanto faz,

Deixando a mesa posta para trás,

O caminho é longo mas correto,

Para ver o dia nascer sem dores,

Nos pensamentos e emoções,

De um carrossel de praça de interior...