Quadros paralelos

Vi que o monte chorou, na despedida do sol.

E morreu um tanto os olhos da criança.

Me perdi no espelho novo, o moço fugiu de mim.

Riachos que matam, de luto suas mães, viúvas de águas.

E lá na curva que engana, refresca em sorrisos, a alma bem jovem.

Bem rompe o sol, num brilho de novo, disfarça a dor.

O ciclo não cessa, cortinas da vida, teatro do cosmo.

Amanhã é um novo dia, arcaica são as emoções do ego meu.

Turva está a visão desta alma, vou pintar meu amanhã, lindo será se a chuva passar.

Há um perigo na esquina, um portal acima de meu quintal, vivo sob à espreita do fim.

Rios mudam seus cursos, sóis brilham em escuridão, mudo em morte a cada instante.

Vi que o monte chorou...

João Francisco da Cruz

16/12/2024